Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Choquinhas do Turvo

Trovoada-de-bertoni. Foto: D. Meller.
Quem visita o Parque Estadual do Turvo certamente vai se impressionar com a diversidade de sons que vem da mata. 

Alguns são de pequenos pássaros que cantam ativamente nas brenhas de taquaras e cipós à beira das estradas. Em muitos casos, difíceis de serem avistados, como as choquinhas que tratarei aqui. 

São três espécies ouvidas regularmente no parque, a coquinha-lisa, a choquinha-carijó e a trovoada-de-bertoni.


Macho da trovoada-de-bertoni (Drymophila rubricollis) em brenha de taquara-lixa (Merostachys sp.). Foto: D. Meller.

   
Macho da choquinha-carijó (Drymophila malura) e fêmea da choquinha-lisa (Dysithamnus mentalis). Fotos: D. Meller.

Das três espécies, duas são mais restritas a áreas bem florestadas no Alto Uruguai, sendo que na região noroeste a trovoada-de-bertoni só tem ocorrência no Parque Estadual do Turvo (PET) [1].

A choquinha-carijó ocorre em outras áreas, como a Terra Indígena do Guarita [1, 2].

A espécie mais comum, de mais ampla distribuição e mais facilmente avistada é a choquinha-lisa. Esta pode ser encontrada em matas ao longo de toda a região, mas deve ser bem menos comum em fragmentos do que naquelas duas reservas, por exemplo [DAM].

As duas espécies do gênero Drymophila devem estar restritas a áreas com sub-bosque dominado por taquaras. No PET as espécies mais comuns são a taquara-lixa (Merostachys sp.) e a criciúma (Chusquea sp.), sendo a taquara-brava (Guadua trinii) bem rara [3, DAM].

Já na Terra Indígena do Guarita a taquara-brava ocorre em maior quantidade [DAM].




Ouça os cantos das três espécies (gravações D. Meller):


choquinha-carijó

trovoada-de-bertoni                                                                                       choquinha-lisa
   

A trovoada-de-bertoni é uma espécie ameaçada de extinção no RS [4]. No Parque Estadual do Turvo ocorre em fundos de vales dominados por taquaras do gênero Merostachys e em clareiras no alto dos espigões onde predominam criciúmas (Chusquea sp.). A espécie parece se beneficiar dos ambientes alterados criados à beira das estradas, onde há presença de criciúmas no sub-bosque [3].

Referências:

[1] Belton, W. 1985. Birds of Rio Grande do Sul, Brazil. Part 2: Formicariidae through Corvidae. Bulletin of American Museum of Natural History, 180(1):1–242.

[2] Furini, C. J. (2013). [WA941313, Drymophila malura (Temminck, 1825)]. Wiki Aves - A Enciclopédia das Aves do Brasil. Disponível em: Acesso em: 30 Mai 2013.

[3] Silva, C.P.; J.K.F. Mähler Jr.; S.B. Marcuzzo e S. Ferreira. (2005) Plano de manejo do Parque Estadual do Turvo. Porto Alegre: Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Disponível em: < http://www.sema.rs.gov.br/upload/Plano_manejo_PETurvo.pdf> Acesso em: [21 de agosto de 2011].

[4] Bencke, G.A.; C.S. Fontana; R.A. Dias; G.N. Maurício e J.K.F. Mähler, Jr. (2003) Aves, p. 189-479. Em: Fontana, C.S.; G.A. Bencke e R.E. Reis (eds) Livro vermelho da fauna ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EDIPUCRS.

[DAM] Observação pessoal Dante Andres Meller.

Veja também:

Papa-moscas-canela em Santo Ângelo

3 comentários:

  1. Maravilha, Dante, que aula ! Precisamos marcar uma aula prática aí no Turvo qualquer hora ...

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    1. Valeu, Paulo!! Pro Turvo não tem hora, qualquer época é legal... vamos marcar sim. Abs!

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  2. Ótimo post! As choquinhas são lindas!

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