Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Quando a chuva cai e molha o chão...

É até engraçado pensar que durante períodos de seca passamos implorando por chuva e que quando o céu deságua em enxurradas tão logo nos entediamos, sem ter o que fazer, e queixamo-nos das benditas chuvas. Sinto que poucos sentimentos são tão únicos como os de uma chuva torrencial, daquelas que nos faz meditar diante de sua melodia, em agradável relaxamento.


Frango-d'água-comum (Gallinula galeata). Foto: D.Meller.

A natureza claramente se alegra com a chuva... as árvores ficam mais viçosas, os anfíbios cantam mais, os peixes se agitam nas águas, a bicharada toda se diverte... e alguns até saem de suas tocas.

Sapo, Rhinella sp. patrulhando os arredores. Foto: D.Meller.

Mas como nem tudo é perfeito, passarinheiros não gostam muito de chuva não. Tem que se molhar, fica complicado conseguir boas fotos, não dá pra ouvir direito as aves cantarem, etc. Até diria que chuva atrapalha mesmo. Mas quanto será? Essa é uma pergunta boa e pode ter respostas interessantes.

Quero-quero (Vanellus chilensis) na chuva. Foto: D.Meller.

Num desses últimos dias de chuva decidi fazer um teste. Em uma caminhada pelos arredores de uma área bem arborizada, com alguns resquícios de matas próximas e também lagoas, pude registrar 30 espécies de aves em cerca de uma hora, representando um novo achado a cada 2 minutos. Hm... acho que é um bom indício de que chuva não atrapalha muito não.

Macho de tiê-preto (Tachyphonus coronatus). Foto: D.Meller.

Tá... observar aves na chuva até vai, desde que não esteja muito forte. O vento parece ser bem mais prejudicial do que a própria chuva. Se não me engano, Belton (1986) comenta algo sobre isso. Mas fotografar aves com chuva é uma tarefa um tanto mais complicada. Ainda mais quando não se tem lentes claras (p.ex. 4.0) e máquinas que permitam usar alta sensibilidade no ISO sem criar ruídos na foto.

Canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola) fotografado na chuva, com velocidade de 1/60, abertura 5.6 e ISO 800. Foto: D.Meller

Bom... quem tá na chuva é pra se molhar! Assim agente vai tentando do jeito que dá, até conseguir extrair o resultado mais eficiente com o equipamento que temos. No caso de pouca luz, também vale usar o flash. O ideal é o externo, o qual usado moderadamente pode gerar resultados bem agradáveis.

Pomba-de-bando (Zenaida auriculata) fotografada com flash. Foto: D.Meller.

Mas sabe como é... observadores de aves gostam de tempo bom, isso é assim mesmo, não precisa mudar. Só não podemos ser ingratos, faça chuva ou sol. Ainda que reclamar seja típico do ser humano, temos que agradecer por todo o tempo, o qual nos dá sustento. E tomara a umidade das chuvas nos recorde da humildade que devemos ter, sejam dias de sol ou de chuva que ainda iremos ver...

2 comentários:

  1. Lembro que comentávamos sobre o efeito da chuva na sociedade da informação, que, em seu dia-a-dia, corre mais do que o próprio papa-léguas... Parece mesmo um alerta de Deus para acalmarmos os ânimos, diminuirmos as ânsias e simplesmente PARARMOS, um pouquinho que seja, para que possamos abrir nossos corações para a contemplação da vida e de Seu poder.
    Gosto da chuva, mas compreendo aqueles que clamam por ela em meio à seca ao mesmo tempo em que rogam para que São Pedro feche a torneirinha depois de longos dias de chuva! Fato é que tudo isso não passa de um alerta do desequilíbrio ambiental! Por isso a gratidão tem que vir acompanhada de uma maior responsabilidade e sobriedade! Não é a toa, e não é castigo... É consequência!
    Quem sabe, quando fizermos as pazes com a mãe natureza, o clima não deixa de ser tão instável e "TEMPOramental"...(?) Quem sabe...

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  2. Que legal o post!O canarinho e o quero-quero encharcados estão muito bonitinhos!

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